A Cooperativa Pinacoteca e a Associação Raia Gerações promoveram, no passado dia 19 de outubro de 2025, uma palestra dedicada ao tema “O Bordado de Castelo Branco”, que decorreu na sede da Associação Desportiva, Cultural e Recreativa (ADCR) de Caféde.
A iniciativa contou com o apoio da ADCR de Caféde e teve como oradoras convidadas Celeste Ribeiro, investigadora e colaboradora da Câmara Municipal de Castelo Branco, e Sara Valério, responsável pelo Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco e colaboradora da ALBIGEC.
Na sessão estiveram também presentes o representante da Cooperativa Pinacoteca e da Associação Raia Gerações, Luís Duque-Vieira, e vários elementos da direção da ADCR de Caféde, entre os quais o presidente Eduardo Prata, Ana André Prata, Paulo Silva, Cecília Rodrigues, Clementina Prata, Paula Prata e António Guelha Rosa. O encontro reuniu 21 participantes oriundos de Caféde, Póvoa de Rio de Moinhos, Castelo Branco, São Vicente da Beira, Vila Boim (Elvas), Lisboa e Coimbra.
Durante a palestra, Celeste Ribeiro abordou o contexto histórico do Bordado de Castelo Branco, cuja origem remonta ao século XVII, com influências do Oriente, nomeadamente da China e da Índia. A oradora explicou que, antes da Revolução Industrial, a arte era praticada maioritariamente por homens, livres ou escravizados, e que, com a industrialização, passou a ser desempenhada sobretudo por mulheres, como forma de complemento ao rendimento familiar.
Recordou ainda o papel de António Ferro, durante o Estado Novo, na promoção do Bordado de Castelo Branco como símbolo identitário da cidade, estando presente na Exposição do Mundo Português em 1940. Destacou igualmente a importância de Clementina Carneiro Mouro, que divulgou esta arte além-fronteiras, e de António Salvado, que em 1977 criou a Oficina do Bordado de Castelo Branco no Museu Francisco Tavares Proença Júnior.
Por sua vez, Sara Valério apresentou a evolução contemporânea desta arte, salientando o trabalho desenvolvido desde 2017 no Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco, instalado no edifício que já acolheu a Domus Municipalis, a Biblioteca Municipal e a Cadeia. O centro conta atualmente com cinco bordadoras a tempo inteiro e mantém vivas as várias fases do processo artesanal, como o tear tradicional, o ciclo da seda e o ciclo do linho.
A responsável sublinhou ainda que o Bordado de Castelo Branco tem ganho crescente projeção nacional e internacional, com a certificação obtida em 2018 e a integração da cidade nas Cidades Criativas da UNESCO em 2023, na categoria de Artesanato e Artes Populares. Entre outros marcos recentes, destacou-se a aquisição de peças pela Fundação Aga Khan e pela loja Cartier, bem como a inscrição do Bordado de Castelo Branco, em 2025, no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.