Terça-feira, Setembro 23, 2025

OPINIÃO: Considerações de um trabalhador com consciência de classe!

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Por: Márcio Matias

A mais recente tragédia com o Elevador da Glória em Lisboa onde morreram 16 pessoas e muitas mais ficaram feridas, mostra como a externalização dos serviços põe em causa a qualidade do trabalho que é prestado, não podendo ser atribuída a responsabilidade aos trabalhadores que fazem o que podem de acordo com as condições que têm.

A responsabilidade deve ser sim atribuída às administrações, câmaras, governos que com base numa lógica capitalista e neoliberal utilizam a subcontratação como forma de embaratecer o trabalho e tirar capacidade reivindicativa aos trabalhadores.

O Estado que devia dar o exemplo e ser sinónimo de boas práticas, é ele próprio utilizador e promotor deste tipo de trabalho precário e que o governo da AD com o apoio de Chega e IL pretendem normalizar com a reforma laboral.

Sou trabalhador da linha de atendimento da Segurança Social em Castelo Branco, um serviço público gerido desde a sua reabertura em 2017 por empresas privadas (as chamadas empresas de trabalho temporário) um serviço com postos de trabalho permanentes e que deveria ser prestado pela própria Segurança Social.

Ao externalizar o serviço, o Estado para além de estar a dar lucro a empresas privadas, está a condenar trabalhadores altamente qualificados e numa profissão de grande exigência, responsabilidade e desgaste, ao salário mínimo, à precariedade e à exploração e a comprometer a qualidade do serviço que é gerido numa lógica de lucro, com objectivos incompatíveis à lógica de um serviço público, pressão permanente por parte de chefias, tempos de pausa insuficientes, idas à casa de banho contabilizadas ao minuto, assédio e atropelos a direitos básicos.

É por isso urgente e necessária a união de trabalhadores e sindicatos no combate a esta agenda neoliberal de degradação dos serviços e das condições de trabalho. Apelo à mobilização no próximo dia 20 de setembro na grande manifestação contra o pacote laboral em Lisboa e no Porto.

Em época de eleições autárquicas, é importante que os munícipes vejam os partidos que suportam o governo e os que estão com as políticas do mesmo, nomeadamente nas alterações à lei laboral e ao brutal ataque aos trabalhadores e às famílias, porque os candidatos locais candidatando-se com essas siglas, estão objectivamente a dar cobertura ao governo e a credibilizar uma política que está a desgraçar o país.

É legítimo que se diga que quem concorre pela AD/Chega/IL a qualquer órgão, seja câmara, seja assembleia municipal ou junta de freguesia, está ao lado de quem está contra quem trabalha.

É legítimo dizer aos trabalhadores que não votem nos partidos que lhes querem roubar direitos e ajustar contas com o 25 de Abril e assim dar um sinal de censura à política deste governo.

Obrigado,
Márcio Matias
#10 Assembleia Municipal
Delegado Sindical

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